terça-feira, 20 de maio de 2008

A minha viagem à Guiné

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Meus caros amigos e camaradas Ora aqui venho eu finalmente trazer-vos as tão anunciadas noticias sobre a minha recente (já não tão recente) viagem à Guiné de Março passado. A imagem inicial com que se fica ao atravessar-se a fronteira do Senegal com a Guiné Bissau é de puro alívio já que se chega cansado de 5 dias de estradas poeirentas e quentes e de infindáveis peripécias nas seis fronteiras que atravessamos para não falar dos incontáveis controlos policiais que ao longo do caminho nos vão desesperando o espírito e esvaziando a carteira.
Pelo menos em S. Domingos já se pode falar do Sporting do Porto ou do Benfica que todos sabem quem somos. Da viagem propriamente dita há tanto para contar que nem me atrevo aqui a enveredar pelas respectivas descrições. Aqui, vou-vos falar essencialmente do que nos une a todos, da Guiné, do Leste, do Xitole, de Cambessé, e de Bissau. Ficamos alojados num "resort" em João Landim, a Norte de Bissau não longe de uma das poucas pontes rodoviárias que existem na Guiné e que a UE lhes construiu. a Ponte de João Landim sobre o rio Mansoa.
Eram as instalações da logística dos construtores que quando terminaram a ponte as deixaram devolutas mas a funcionar. Um pequeno conjunto de edificios térreos e um espaço adjacente constituido por contentores climatizados e com água corrente.
Para Guiné não estava mal desde que o gerador funcionasse. Pelo preço não podiamos reclamar muito (diária 40,00 € em regime de 1/2 pensão... Claro que a primeira coisa a fazer era, depois de arrumarmos tudo, IR A BISSAU. E lá fomos, estrada abaixo em bom estado, muito movimento de viaturas, bicicletas e gente a pé a caminhar por ambos os lados da estrada.
Ficou-nos logo a primeira ideia de que a população tinha crescido imenso, especialmente gente jovem. Como viveriam, do que viveriam o que fariam mantinha-se a incógnita . Logo após a rotunda do Aeroporto muito perto do seu local inicial que bem conheciamos a estrada alarga-se em avenida de duas vias, mas o lixo, e as coisas partidas (candeeiros, separadores etc) não deixam que nos esqueçamos que estamos na Guiné.
O trânsito caótico de viaturas velhas (algumas parecem saidas de um dos nossos piores sucateiros) taxis azuis e amarelos mercedes velhos a cair e carrinhas peugeot 505 a desfazerem-se é uma visão que não se esquece depressa. Depois, as inumeras ruas laterias em terra batida cheias de construções em madeira alternadas com os enormes edificios murados das embaixadas da China ou da antiga União Soviética são contrastes enormes.
A coroar tudo isto há as gentes e mais gentes que ou fazendo da rua mercado ou a movimentarem-se como formigas desordenadas preenchem o colorido total desta avenida que termina na Mãe de Água. ( o depósito ainda lá está mas não sei se funciona). Bissau está há muito sem luz electrica, não tem iluminação publica pelo que os candeeiros publicos são meros ornamentos urbanos degradados e partidos a confirmar a desordem reinante. Em Bissau são pouquíssimas as ruas em estado aceitável de circulação.
Todas as laterais à antiga avª. do Império se encontra cheias de buracos e totalmente degradadas.
Á noite, a escuridão torna esta cidade como que saida de um filme de pesadelo, impera o calor, o mau cheiro, o ruido dos geradores das casas e os clarões dos faróis desalinhados das viaturas.
Apetece dizer Oh Bissau Bissau, quem te viu e quem te vê. A população à volta de Bissau dos bairros do Kelele ou Bandim ao Alto Crim passando pelo Cupilão cresceram desmesuradamente e para além das oferecidas pelas ONG internacionais que lá estão não há infra estruturas.
Está tudo por fazer, Tudo. É um drama enorme. Apesar de tudo Bissau possui hoje um pequena rede de infra-estruturas hoteleiras onde se destaca um Hotel 5 estrelas e o Hotel Azalai que fica nas antigas instalações do QG em Santa Luzia.
A pensão Coimbra da D. Berta, ali ao lado da Catedral continua a ser um ponto de visita obrigatória com o seu restaurante velhinho no 1º andar e a D. Berta continua a receber toda a gente com o seu resplandecente sorriso de ancião de mais de 80 anos (seguramente!) Sobre Bissau muito mais como compreeendem haveria a dizer mas por hoje fico-me por aqui. Seguir-se-ão (espero bem) mais cronicas, desta vez sobre a minha viagem a Bambadinca, Xitole, Saltinho e Cambessé Até sempre.
. Não se esqueçam do dia 31... vamos marcar todos presença na Pampilhosa.
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Álvaro Basto