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Quis o Senhor Presidente da República (ouvir discurso no link), exortar os jovens de hoje a viverem a determinação e o desprendimento dos jovens do nosso tempo, que fizeram a guerra do Ultramar.
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Quis o Senhor Presidente da República (ouvir discurso no link), exortar os jovens de hoje a viverem a determinação e o desprendimento dos jovens do nosso tempo, que fizeram a guerra do Ultramar.
Como não podia deixar de ser, logo vieram aqueles que, achando-se donos da verdade, atacam tudo o que possa ser, no seu entender, alguma espécie de elogio ao anterior regime que governou Portugal.
Tomando a “nuvem por Juno”, decidiram que o PR estava a elogiar o regime, em vez de perceberem que o referido Senhor estava a prestar uma homenagem à abnegação e coragem daqueles que combateram na guerra do Ultramar em nome de Portugal.
(Curioso até que o PR tenha referido os combatentes africanos que connosco combateram e foram na maior parte vilmente abandonados à sua sorte.)
Estes impolutos “pensadores”, (a maior parte criancinhas em 1974), vieram com uma certeza inabalável, explicar aos “ignorantes” Portugueses as nossas motivações, e até como foi a guerra, etc., etc., como se lá tivessem estado e o seu conhecimento da coisa fosse o único correcto.
E em vários lugares lá fomos apelidados daquilo que há muito não ouvíamos, com termos como: colonialistas, assassinos, torturadores, bárbaros, fachistas e por aí fora.
E então a grande razão para que não pudesse haver elogio, nem homenagem, à nossa geração, era porque não tínhamos sido voluntários, porque tínhamos sido obrigados, que se pudéssemos tínhamos fugido, e por isso mesmo, não havia determinação, nem desprendimento, nem coragem, nem lugar para homenagem.
Quer isso então dizer que se os militares que forem para uma guerra, (uma guerra a sério com aquela de que falamos), não forem voluntários, não são determinados, não são desprendidos, não são corajosos, não são merecedores de homenagem.
Esquece-se esta “malta” que assim fala, que esses jovens não tiveram a vida fácil, porque nada era fácil naquele tempo em Portugal.
Mas para a coisa se tornar mais complicada foi-lhes “dada” uma guerra que tiveram de fazer, e ao regressar, (aqueles que regressaram, apesar de tudo uma maioria), ainda tiveram que lutar sozinhos para se readaptarem à vida do seu país, uns a trabalharem que nem uns “desalmados”, outros a fazê-lo nos bancos das escolas superiores ou não, alguns, (muitos, quase todos), a lutarem diariamente com os fantasmas que trouxeram e a eles vieram agarrados, com a incompreensão de todos, às vezes até da própria família.
E foram estes jovens por todos desprezados, quer no passado, quer no depois presente próximo, que foram construindo o país em que agora estes pseudo-intelectuais peroram, como se lhes tivesse custado alguma coisa a vida que agora vivem.
Realmente continuamos a ser “carne para canhão” mas, desculpem-me o “marialvismo”, gostava que um desses me viesse dizer na cara aquilo que diz aos microfones, ou escreve em jornais, ou blogues.
Talvez, dos meus fracos quase 62 anos, ainda saísse algum desprendimento ou determinação para lhe enfiar duas lambadas bem merecidas.
E não me venham dizer que estou a branquear isto ou aquilo!
Eu não sou Omo nem Tide e por isso não lavo, nem branqueio, estou apenas, repito apenas, a falar de combatentes e da forma como foram e são tratados.
Tenho dito.
Monte Real, 18 de Março de 2011
Joaquim Mexia Alves
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