quinta-feira, 26 de março de 2009

Um conto de Páscoa

Do nosso querido camarada Lima Rodrigues recebi para publicação, o conto de Páscoa que transcrevo.
Ainda bem que alguém se vai lembrando de vez em quando dos "camarigos" como diz o Mexia Alves.
Se estiverem de acordo, e logo a seguir à Páscoa era interessante organizarmo-nos numa das nossas tradicionais tertúlias de confraternização "off de record" ou seja fora da nossa reunião anual.
Proponham datas aqui nos comentários que local se há-de arranjar facilmente.
Um grande abraço a todos e votos de Boa Páscoa
Álvaro Basto

Um conto de Páscoa...
O “Levantamento de Rancho” que não ficou na história do BART 3873.
Corria o longínquo ano de 1972, no Domingo de Páscoa, o Oficial de Dia na CCS em Bambadinca, que acompanhava o almoço do Rancho Geral, apercebeu-se que a comida não estava lá grande coisa.
Tratava-se de uma feijoada bem aguada e pouco apetitosa.
Somando a este desconsolo gastronómico, a tristeza e angústia que todos sentiam por passarem a primeira Páscoa longe da família e dos amigos, pode-se imaginar o ambiente pouco agradável que se instalou.
Vai daí o “nosso” Oficial de Dia resolveu dar ordem para que ninguém comesse. Foi curiosa a reacção da maioria dos soldados, preocupados e alertando-o para o perigo dessa atitude, que vulgarmente se dizia que dava direito a “estadia no forte”.
Mas a decisão estava tomada, e lá foi ele apresentar o problema ao Comandante do Batalhão, que estava a almoçar com o 2º Comandante, o Major de Operações e o Capitão da CCS (mais conhecido por Joaquim Agostinho, dada a forma peculiar de colocar o “quico”).
Colocada a questão, com o ar mais marcial que conseguia e a situação exigia, recebeu como resposta, o comentário do tal capitão a dizer: “tu não sabes que um levantamento de rancho dá direito a forte!”.
Ele disse-lhe que sim, que sabia, e também sabia que era falta de educação e respeito, interromper a conversa que ele estava a ter com um superior hierárquico de ambos. Não fosse a atitude benevolente do comandante e a conversa teria azedado...
O protagonista desta “estória” perguntou ao Comandante se tinha provado a amostra do rancho geral, ao que ele lhe respondeu que sim e até estava muito boa.
Perante esta resposta previsível, porque todos sabemos que a amostra do rancho geral era sempre muito boa (porque seria?), pediu ao Comandante que o acompanhasse ao refeitório, provasse a comida e confirmasse se estava em condições.
Se assim fosse, então, em vez de ir para o Xitole na coluna do dia seguinte, iria como é óbvio para o forte.
Chegados ao refeitório, o Oficial de Dia serviu um prato ao Comandante, tendo o cuidado de não envolver muito os poucos feijões da tal feijoada, e assim, e com o tempo de espera, o aspecto da refeição estava ainda bastante pior.
A decisão magnânima do Comandante, foi a de ordenar que fizessem nova refeição e que o Oficial de Dia mandasse destroçar até a nova refeição estar pronta.
Ainda hoje, o tal alferes está por entender o olhar furibundo que o “Joaquim Agostinho” lhe deitou, quando ele com ar ingénuo lhe piscou o olho e sorriu...
E assim se concretizou o tal “Levantamento de Rancho”, que não ficou registado na história do BART 3873.
Como também não ficou registado que, no “render da guarda” do dia seguinte, o Oficial de Dia que entrou de serviço, encontrou a pistola e a abraçadeira em cima da secretária, porque o outro já tinha ido para o Xitole na coluna que tinha partido ao nascer do dia...
Esta “estória” é baseada em factos reais, mas ainda hoje me questiono, se o tal alferes não foi para o forte por benevolência do comandante, ou porque o seu destino era o Xitole...
Lima Rodrigues
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2 comentários:

Joaquim Mexia Alves disse...

Caros camarigos "Xitolenses" e outros camarigos que venham de viagem ao Xitole

Quando hoje, já muito chateado porque ninguém se dá ao trabalho de aqui colocar umas histórias, me preparava para arranjar um texto para aqui colocar, fui agradavelmente surpreendido pela prosa do Lima Rodrigues, em boa hora aqui colocada pelo Álvaro Basto.

Estava a ver que não havia mais ninguém a escrever qualquer coisa, gaita!

Estou a imaginar a cara do "Joaquim Agostinho" e outros que tais perante o dislate do Alferes!!!

E fico admirado com a decisão do comandante...

Enfim a verdade é que a CCS se viu livre de um Alferes que não sabe colocar-se na sua posição, (estou a gozar obviamente), e o Xitole ganhou um grande camarada e amigo no Lima Rodrigues, que diga-se de passagem para que não fiquem mal entendidos, foi por vontade própria que foi para o Xitole.

Quanto à tertúlia sugerida pelo Álvaro estou ao dispôr.

Digam datas e locais, embora a minha vida se tenha complicado um bom bocado ultimamente, farei os possiveis para estar presente.

E, gaita, não estejam tanto tempo sem escrever aqui.

Já disse que quem não conseguir colocar textos, basta enviá-los para

joaquim.mexia@gmail.com

que eu ou o Álvaro nos encarregamos de os colocar no blogue.

Não nos deixem a falar sozinhos!!!

Abraço camarigo a todos especialmente ao Lima Rodrigues.

Amsoares disse...

Caros camaradas!
Eu a julgar que o Lima Rodrigues, tinha trocado voluntáriamente com o Gonçalves Dias. Pelos vistos, foi voluntáriamente obrigado.

Quanto à tertúlia é só combinarem o dia e o local que agrade a todos. Por mim, qualquer data serve.
Um abraço para todos do Artur Soares