quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Como é que o Jamil sabia???

Quase todos os dias, ao fim da tarde, eu e outros, saíamos do aquartelamento e íamos a casa do Jamil Nasser, comerciante libanês, beber uns "uisques", acompanhados de tomate cortado aos bocadinhos só com sal. Era assim como que a modos de sair da tropa e ir beber um copo em "sociedade civil". Como se lembram, o Jamil tinha um criado, (gaita, era assim que se chamava naquela altura, por isso nada de criticas), que era da Gâmbia, e falava inglês. (Se falasse françês, se calhar também tocava piano)!!! Ora um dia em que me preparava para ir ao "social", ou seja, beber uns copos a casa do Jamil, apareceu o Suri, (assim se chamava o tal criado), dizendo-me que o Jamil pedia para não irmos naquela tarde. Fiquei a pensar o que é que o raio do homem tinha para fazer no Xitole tão importante, para negar aquele convívio de que ele também tanto gostava. Não foi preciso pensar muito porque pouco depois ouviram-se aqueles barulhos típicos das saídas de morteiro e canhão sem recuo e tivemos de ir beber os "uisques" para a vala. Como é que o raio do homem sabia?!!! Mistérios?...EhEhEh...

2 comentários:

David disse...

Pois é – como é que ele sabia?
Efectivamente desde que fomos para lá… (Xitole) pois claro, essa cena do Jamil sempre se deu – ele sabia…
Lembro-me bem da primeira vez que fomos atacados – corria pouco tempo de lá estarmos e eles… lá vieram experimentar os piras… Vieram daquele altinho em frente ao Morteiro 81 e para lá do poço… Foi o nosso baptismo de ataque ao arame, meia dúzia de tiros deles e muitos, muitissimos nossos… percebia-se…
Mas curioso…
O Sr. Jamil tinha ido para Bafatá, o Chefe de posto de então – um Cabo Verdiano – tinha ido para Bissau e Raschid, um comerciante da Tabanca e com a casa junto ao nosso aquartelamento também não estava…

Eles sabiam… Esta cena repetiu-se mais vezes e os três não estavam… e foi sempre assim até ao fim da nossa comissão…

Como é que ele sabia – talvez saibamos todos mas enfim… Há mais peripécias dessas… a tempo virão…

Um abraço – e este de confirmação – COMO É QUE ELE SABIA?

Anónimo disse...

Conheci o sr Jamil em 1949 data em que fui para a Guiné com os meus pais e o meu irmão Olivier mais tarde em Portugal rebatizado como Oliverio.O meu irmão José Nunes (Zeca) nasceu no Xitole numa casa mencionada agora como sendo um antigo armazem dele. Ficava perto da serração do meu pai e do Sr. Pires que era casado com uma senhora chamada D. Margarida. O Sr Jamil foi padrinho do Zeca. Também no Xitole nasceu o meu irmão Luís Manuel cujo padrinho também chamado Luís, trabalhava na Casa Gouveia. Esse mano infelizmente faleceu a caminho de Bissau, em Farim. Muito teria a dizer da minha inesquecível infância. Amo aquele "tchon" é o meu "cretcheu". Vim para Portugal para estudar em 1957 nunca mais voltei mas nem sei se não será melhor recordá-la como era...